29 de mar. de 2002

Busque Amor novas artes, novo engenho,

Para matar-me, e novas esquivanças;,


Que não pode tirar-me as esperanças,,


Que mal me tirará o que eu não tenho.,


Olhai de que esperanças me mantenho!,


Vede que perigosas seguranças!,


Que não temo contrastes nem mudanças,,


Andando em bravo mar, perdido o lenho.,


Mas, conquanto não pode haver desgosto,


Onde esperança falta, lá me esconde,


Amor um mal, que mata e não se vê;,



Que dias há que na alma me tem posto,


Um não sei quê, que nasce não sei onde,,


Vem não sei como, e dói não sei por quê.,


Luís de Camões,


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