O INSTANTE
um estalar de dedos
Um piscar de olhos
Um roçar de vento
Um romper d´aurora!
O instante é isto!
Vem e vai embora.
às vezes... Está por vir
Nem sempre é agora!
O instante existe
Um instante é vento
Um instante é tempo
Vem e não demora!
Contudo... Alegre ou triste
Eterniza a hora!
É irônico o que se pode fazer por muitas pessoas, e não conseguimos fazer absolutamente nada por uma só..
7 de mai. de 2002
AMAR
Carlos Drumond de Andrade
Que pode uma criatura senão
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de
[rapina]
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuição pelas coiass pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drumond de Andrade
Que pode uma criatura senão
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de
[rapina]
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuição pelas coiass pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Quem é você ?
Quem silencia minha noite ?
Faz madrugada meus
pensamentos ?
Quem amanhece meu dia ?
E torna-me escuridão ?
Quem sinto desconhecer meus
sonhos ?
Que neles imagino quem é...
Neles vagam meus pensamentos
Onde, novamente, volto a te
imaginar...
Quem é você que fere, e em
presença, traz a paz ?
Quem é você que cala, e em
silêncio, é amor ?
Quem é você que entra, e de mim, pleno me faz ?
Ainda que não o vejo, sinto !
Ainda que não o conheço, amo !
Ainda que não me fale, pergunto :
Quem é você ?
Quem silencia minha noite ?
Faz madrugada meus
pensamentos ?
Quem amanhece meu dia ?
E torna-me escuridão ?
Quem sinto desconhecer meus
sonhos ?
Que neles imagino quem é...
Neles vagam meus pensamentos
Onde, novamente, volto a te
imaginar...
Quem é você que fere, e em
presença, traz a paz ?
Quem é você que cala, e em
silêncio, é amor ?
Quem é você que entra, e de mim, pleno me faz ?
Ainda que não o vejo, sinto !
Ainda que não o conheço, amo !
Ainda que não me fale, pergunto :
Quem é você ?
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