12 de mai. de 2002

É HORA DE AMAR...




Segui pela vida,
Tentando ganhar tempo do tempo,
Numa corrida alucinada
Em direção ao nada.
E por seguir assim, tentando encontrar atalhos,
Tentando saltar etapas,
Esqueci que são os momentos que contam.
O agora é o tijolo com o qual
construímos o depois,
E os dois serão para sempre lembrados,
Porque um dia farão parte do passado.




Ao tentar ser em tudo o primeiro,
Passei sem ver, em alta velocidade,
Pelos pequenos detalhes
que enfeitavam minha vida,
Sem que eu sequer os percebesse.
Assim, não vi as pequeninas flores
que adornavam meus caminhos,
Nem os sorrisos que me convidavam ao amor...
Nessa jornada, por mim tornada árdua,
Brinquei com sentimentos,
E dei demasiada atenção aos aplausos,
ás metas e aos sonhos
Que, pensava eu, só a mim pertenciam.



Não dividi, não concedi.
Me escondi dentro de mim mesmo.
Troquei poucas idéias, pedi poucas opiniões,
Certo de que eram as minhas que contavam...
E fui sonhando
com a objetividade de um D.Quixote,
Cantando ao vento minhas canções,
Até não mais ter certeza do que queria ou sentia.
Assim, me esqueci de viver


Versos cantei a amores que não amei.
Não aprendi a dizer 'não sei',
E me encontrei um dia,
sem o amor tanto buscado.
Aos que me queriam, dediquei pouco tempo,
Por não o ter de sobra nem para mim,
E assim, lentamente,
Fui perdendo o melhor que eu tinha,
Como perdi, nessa viagem alucinada
pela vida, as belas paisagens
Que passaram pela janela
do bólido de minha existência..



Com mentiras alvissareiras,
Ocultei minhas verdades desinteressantes,
E, a cada instante,
Mais eu me perdia nas trilhas
dessa corrida sem sentido,
Cujo ponto de chegada nunca me foi dado ver.
Desejei muito sem nada oferecer,
Porque nunca pensei em trocar,
apenas em obter...
E quanto mais o tempo passava,
Mais eu me apegava a coisas sem importância,
Aos risos soltos.



Em noites mal dormidas
tentei roubar tempo ao próprio tempo,
Sem saber, que ao final, era eu quem perdia...
Muito tentei sem persistir,
Muitas boas intenções tive,
E muito fracassei nessas vontades sem vigor.
O amor, pensava eu,
estava no fim da corrida,
Onde deveria haver uma vida
para seguir paralela à minha...
Mas, para descobrir cada dia algo novo,
Eu já não via os estragos da viagem.



E foi somente quando,
um dia, num lugar qualquer,
A realidade veio me visitar,
É que resolvi abrandar o ritmo de minha viagem.
Então, vi que ainda há quem procure por mim
Na imensidão do deserto escaldante
Onde desembarquei de minhas aventuras.
Ainda há quem me espere.
É ao encontro deles que eu vou,
Lá, onde existe outro tipo de calor.
É hora de aprender a dar amor...