13 de out. de 2005

Um Word Trade Center no meu coração


Será que a morte resolve? Não quero que sofra dores físicas. Só quero que não exista mais, para eu não ter de esperar todo dia pelo dia de você voltar. É que há épocas em que estou lúcida e te odeio muito - cato o saco de motivos que me deu, e vasculho até lhe desejar um fim. Mas há outras em que me falha a memória e a saudade me traz você bom, adorável. Ai amo e amo até me perder na ilusão. Só vou reaver-me dias depois, já de joelhos vasculhando o chão á procura de minha vida.
Nessas horas, daria o senso de humor e um dedo mindinho para saber o que você anda pensando ai nas distâncias. Pensa na Guerra do Iraque? Nos planetas não descobertos? Deseja aprender o chinês? Pensa em mim quando acorda? E quando vai dormir? Inventa casa para morarmos, planeja viagens para o Tibet, escolhe veleiros para atravessarmos o Pacífico?
Preciso tanto arrumar tempo para aprender a te querer menos, mas ando muito ocupada remendando um coração partido. É tarefa longa, não costuro bem. E longa é a avenida de clichês que se engarrafam no rush da minha cabeça. Amor burro.
Ás vezes me assolam os desejos insanos.
Quero subir no farol da praia e gritar seu nome bem alto. Quero pichar o Pão de Açúcar com versos apaixonados.
Desejo plantar bandeiras de amor nos arranha-céus de Xangai e anseio por lavar o chão da rodoviária de São Paulo ou marchar sobre os cotovelos, se isso tornar provável nossa história impossível.
E tem dias de decisões. Nenhuma lágrima mais, nenhum lamento! Plantarei um Word Trade Center inatacável dentro do meu coração. Cavalgarei quatro luas no cavalo que você me deu para a noite engolir o escuro que há dentro de mim. Acenderei uma alameda de velas para te celebrar. No dia dos teus anos, acompanhada dos seres que amam sem medo, vou, em procissão, pedir á Mãe que te liberte para amar assim. Pedirei também que sua vida seja boa e feliz. E construirei uma capela na colina mais bonita para lembrar a Deus que tenho esperanças. Sento ali e espero um milagre. E depois de 50 anos, se nada acontecer, morro eu, cansada por sofrer dores físicas a cada dia que meu corpo gritou pelo seu.
E olha que eu só queria andar de mãos dadas e viver contente a seu lado.