Ela foi se libertando de pequenas coisas das quais “dependia” sua felicidade, bobagens para uns, entulhos para outros, mas para mim... era “nada” .
Eu não podia critica-la, então fiquei ali, sentada no chão, observando tudo, cada gesto, cada suspiro, e mais... ouvido ela falar sozinha.
Algumas pessoas agem assim, outras não falam nada e um dia, descobrem que carregam mais do que podem e jogam tudo fora ...de uma única vez.
Mas ela não, ela tinha também serenidade em seu semblante e uma sensação de paz.
As vezes ela ficava parada, olhando aqueles “nada” de lembranças, ah... como queria saber o que passava em sua cabeça.
Sem muitas cerimônias, jogou tudo em um saco e arrastou, dava para sentir o peso, acho que da desilusão, de sonhos desfeitos, ou ate mesmo dos nunca atingidos, vividos... vai saber.
Voltou e foi tomar banho, cantou debaixo do chuveiro, uma musica triste, mas suave, calma (nem de longe lembrava ela)... acabei adormecendo, quando acordei ela não estava mais, vi a porta entreaberta e um cheiro de liberdade no ar, deve ser isso que acontece quando resolvemos nos desfazer daquilo que julgamos nos fazer felizes e encontramos a felicidade em nós.
Levantei, fechei um pouco a casa, queria que a liberdade circulasse mais ao meu redor, entrasse nas entranhas do meu corpo e fizesse morada....
Nunca mais a vi .... e definitivamente acho que hoje sou outra....